terça-feira, 20 de outubro de 2009

Figuras geometricas

Polígonos

Polígono é toda figura formada por uma linha poligonal fechada mais a sua região interna.

Polígono regular: apresenta todos os lados iguais e todos os ângulos iguais.

O gênero (n) de um polígono é dado pelo número de lados desse polígono.

O número de lados é igual ao número de vértices.

De acordo com o número de lados, cada polígono recebe um nome próprio que o identifica:

N = 3 - triângulo ou trilátero N = 12 - dodecágono
N = 4 - quadrilátero N = 13 - tridecágono
N = 5 - pentágono N = 14 - tetradecágono
N = 6 - hexágono N = 15 - pentadecágono
N = 7 - heptágono N = 16 - hexadecágono
N = 8 - octógono N = 17 - heptadecágono
N = 9 - eneágono N = 18 - octadecágono
N = 10 - decágono N = 19 - eneadecágono
N = 11 - undecágono N = 20 - icoságono

Alguns quadriláteros

Trapézio é o quadrilátero que possui pelo menos dois lados paralelos.

Paralelogramo é o quadrilátero que possui dois pares de lados paralelos.

Retângulo é o quadrilátero que possui quatro ângulos retos.(pôr desenho)

Quadrado é o quadrilátero que possui quatro lados congruentes e quatro ângulos retos.(pôr desenho)

Losango é o quadrilátero que possui os quatro lados congruentes.(pôr desenho)

Primas e cilindros são figuras geométricas espaciais chamadas sólidos geométricos.

Os prismas são designados pelo número de lados das bases. Ex.:

prisma triangular
prisma pentagonal
prisma quadrangular
prisma hexagonal
Paralelepípedos são os prismas cujas bases também são paralelogramos.


Cilindros são sólidos limitados por dois círculos congruentes, situados em planos paralelos, e por uma superfície curva que pode ser planificada.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Sobre reforço escolar:

Estou recebendo sugestões pelos emails: tati.pedagogia@gmail.com e psicopedagoga.tatiana@gmail.com

Gramatica - Artigo

Artigos são palavras que precedem os substantivos para determiná-los ou indeterminá-los. Os artigos definidos (o, a, os, as), de modo geral, indicam seres determinados, conhecidos da pessoa que fala ou escreve.

Falei com o médico.
Já encontramos os livros perdidos.
Os artigos indefinidos (um, uma , uns, umas) indicam os seres de modo vago, impreciso.

Uma pessoa lhe telefonou.
Uns garotos faziam barulho na rua.
Os artigos definidos são "declináveis" (não é uma decinação verdadeira), podendo se combinar com algumas preposições, formando os seguintes casos:

Genitivo: do, da, dos, das (preposição "de")
Locativo: no, na, nos, nas (preposição "em")
Dativo: ao, à, aos, às (preposição "a")
Ablativo: pelo, pela, pelos, pelas (preposição "per")
Comitativo: co, coa, cos, coas (preposição "com")
Algumas preposições também se ligam aos artigos indefinidos:

Genitivo: dum, duma, duns, dumas (preposição "de")
Locativo: num, numa, nuns, numas (preposição "em")
[editar] Observações sobre alguns empregos dos artigos.
1. O artigo definido, no singular, pode indicar toda a espécie:

A águia enxerga das alturas.
O homem é mortal.
2. É facultativo (opcional) o uso do artigo com os pronomes possessivos:

Sua intenção era das melhores.
A sua intenção era das melhores.
3. Os nomes próprios podem vir com artigo:

Os Oliveiras vêm jantar conosco.
O Antônio é bom pedreiro.
4. Muitos nomes próprios de lugares admitem o artigo, outros não:
a Bahia, o Amazonas, Santa Catarina, Goiás, os Andes.
5. O artigo indefinido pode realçar (dar intensidade a) uma idéia:
Ele falava com uma segurança que impressionava a todos!


Era uma euforia, uma festa, como jamais se viu!
6. O indefinido pode, também, dar idéia de aproximação:

Eu devia ter uns quinze anos, quando isso aconteceu.
7. A palavra todo(a) pode variar do sentido, se vier ou não acompanhada de artigo:

Toda a casa ficou alagada. (inteira, completa, total)
Toda casa deve ter segurança. (cada, qualquer)
8. Com o numeral ambos (ambas) usa-se o artigo:

Ambas as partes chegaram a um acordo. (ambas = as duas)
[editar] Não se emprega o artigo
1. Com a palavra casa e terra não especificada:
Venho de casa.
Passei em casa. Não estavam em casa.
Vou para casa.
Os marinheiros permaneceram em terra.
Porém:

Venho da casa do meu amigo.
Estivemos na casa do meu amigo.
Estivemos na casa de parentes.
Estive na terra da minha avó.
2. Depois do pronome relativo cujo não se usa artigo:

Visitei um artista cujos quadros são famosos.
3. Os provérbios em geral dispensam o artigo:

Filho de peixe, peixinho é.
Tempo é dinheiro.
Casa de ferreiro, espeto de pau.
Observe que, na linguagem jornalística, é comum a omissão dos artigos nas manchetes e títulos de artigos e notícias.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Artigo_(gram%C3%A1tica)

Substantivos.

De acordo com a gramática portuguesa, um substantivo dá nome aos seres em geral e pode variar em gênero, número e grau.

Para transformar uma palavra de outra classe gramatical em um substantivo, basta precedê-lo de um artigo, pronome ou numeral. Exemplo: "O não é uma palavra dura". Artigos sempre precedem palavras substantivadas, mas substantivos (que são substantivos em sua essência) não precisam necessariamente ser precedidos por artigos.

[editar] Classificação
[editar] Quanto à formação
Quanto à existência de radical, o substantivo pode ser classificado em:

Primitivo: palavras que não derivam de outras. Ex: flor, pedra, jardim.
Derivado: vem de outra palavra existente na língua. O substantivo que dá origem ao derivado (substantivo primitivo) é denominado radical. Ex: floricultura , pedreira, motorista, jardineiro.
Quanto ao número de radicais, pode ser classificado em:

Simples: tem apenas um radical. Ex: água, couve, sol
Composto: tem dois ou mais radicais. Ex: água-de-cheiro, couve-flor, girassol, lança-perfume.
[editar] Quanto ao tipo
Quando se referir a especificação dos seres, pode ser classificado em:

Concreto: designa seres que existem ou que podem existir por si só. Ex: casa, cadeira.
Também concretos os substantivos que nomeiam divindades (Deus, anjos, almas) e seres fantásticos (fada, duende), pois, existentes ou não são sempre considerados como seres com vida própria.

Abstrato: designa idéias ou conceitos, cuja existência está vinculada a alguém ou a alguma outra coisa. Ex: justiça, amor, trabalho, etc.
Comum: denomina um conjunto de seres de maneira geral, ou seja, um ser sem diferenciar dos outros do mesmo conjunto. Ex: lobo, pizza, mascara.
Próprio: denota um elemento individual que tenha um nome próprio dentro de um conjunto, sendo grafado sempre com letra maiúscula. Ex: Guilherme, Lucas, Richard, Brasil, Rio de Janeiro, Fusca.
Coletivo: um substantivo coletivo designa um nome singular dado a um conjunto de seres. No entanto, vale ressaltar que não se trata necessariamente de quaisquer seres daquela espécie. Alguns exemplos:
Uma biblioteca é um conjunto de livros, mas uma pilha de livros desordenada não é uma biblioteca. A biblioteca discrimina o gênero dos livros e os acomoda em prateleiras.
Uma orquestra ou banda é um conjunto de instrumentistas, mas nem todo conjunto de músicos ou instrumentistas pode ser classificado como uma orquestra ou banda. Em uma orquestra ou banda, os instrumentistas estão executando a mesma peça musical ao mesmo tempo.
Uma turma é um conjunto de estudantes, mas se juntarem num mesmo alojamento os estudantes de várias carreiras e várias universidades numa sala, não se tem uma turma. Na turma, os estudantes assistem simultaneamente à mesma aula.
[editar] Flexão do substantivo
[editar] Quanto ao gênero
Os substantivos flexionam-se nos gêneros masculino e feminino e quanto às formas, podem ser:

Substantivos biformes: apresentam duas formas originadas do mesmo radical. Exemplos: menino - menina, traidor - traidora, aluno - aluna.

Substantivos heterônimos: apresentam radicais distintos e dispensam artigo ou flexão para indicar gênero, ou seja, apresentam duas formas uma para o feminino e outra para o masculino. Exemplos: arlequim - colombina, arcebispo - arquiepiscopisa, bispo - episcopisa, bode - cabra.

Substantivos uniformes: apresentam a mesma forma para os dois gêneros, podendo ser classificados em:

Epicenos: referem-se a animais ou plantas, e são invariáveis no artigo precedente, acrescentando as palavras macho e fêmea, para distinção do sexo do animal. Exemplos: a onça macho - a onça fêmea; o jacaré macho - o jacaré fêmea; a foca macho - a foca fêmea.
Comuns de dois gêneros: o gênero é indicado pelo artigo precedente. Exemplos: o dentista, a dentista.
Sobrecomuns: invariáveis no artigo precedente. Exemplos: a criança, o indivíduo (não existem formas como "crianço", "indivídua", nem "o criança", "a indivíduo").
[editar] Quanto ao número
Os substantivos apresentam singular e plural.

Os substantivos simples, para formar o plural, substituem a terminação em n, vogal ou ditongo oral por s. Ex: elétron/ elétrons, povo/ povos, caixa/ caixas, cárie/ cáries; a terminação em ão, por ões, ães, ou ãos; as terminações em s, r, e z, por es; terminações em x são invariáveis; terminações em al, el, ol, ul, trocam o l por is, com as seguintes exceções: "mal" (males), "cônsul" (cônsules), "mol" (mols), "gol" (gols); terminação em il, é trocado o l por is (quando oxítono) ou o il por eis (quando paroxítono).

Os substantivos compostos flexionam-se da seguinte forma quando ligados por hífen:

se os elementos são ligados por preposição, só o primeiro varia (mulas-sem-cabeça);
se os elementos são formados por palavras repetidas ou por onomatopéia, só o segundo elemento varia (tico-ticos, pingue-pongues);
nos demais casos, somente os elementos originariamente substantivos, adjetivos e numerais variam (couves-flores, guardas-noturnos, amores-perfeitos, bem-amados, ex-alunos).
[editar] Quanto ao grau
Os substantivos possuem três graus, o aumentativo, o diminutivo e o normal que são formados por dois processos:

Analítico: o substantivo é modificado por adjetivos que indicam sua proporção (rato grande, gato pequeno);
Sintético: modifica o substantivo através de sufixos que podem representar além de aumento ou diminuição, o desprezo ou um sentido pejorativo (no aumentativo sintético: gentalha, beiçorra), o afeto ou sentido pejorativo (no diminutivo sintético: filhinho, livreco).
Exemplos de diminutivos e aumentativos sintéticos:

sapato/sapatinho/sapatão;
casa/casebre/casarão;
cão/cãozinho/canzarrão;
homem/homenzinho/homenzarrão;
gato/gatinho/gatão;
bigode/bigodinho/bigodaço;
vidro/vidrinho/vidraça;
boca/boquinha/bocarra;
muro/mureta/muralha;
pedra/pedregulho/pedrona;
rocha/rochinha/rochedo;
papel/papelzinho/papelão

Pesquisa feita em http://pt.wikipedia.org/wiki/Substantivos

Estrelas.

Uma estrela é um corpo celeste luminoso formado de plasma. Por causa de sua pressão interna, produz energia por fusão nuclear, transformando átomos de hidrogênio em hélio. A energia gerada é emitida por meio do espaço sob a forma de radiação electromagnética (luz), neutrinos e vento estelar. A estrela mais próxima da Terra — depois do Sol, a principal responsável por sua iluminação — é Próxima Centauri, que fica a 40 trilhões de quilômetros, ou 4,2 anos-luz.

A energia emitida por uma estrela está associada a sua pressão interna, que possibilita um ambiente adequado à fusão nuclear, que produz energia transformando átomos de hidrogênio em hélio. Uma estrela tem de ter uma massa acima de um determinado valor crítico (aproximadamente 81 vezes a massa de Júpiter) para que a pressão interior seja suficiente para ocorrerem reações nucleares de fusão no seu interior. Corpos que não atingem esse limite, mas que ainda assim irradiam energia por compressão gravitacional chamam-se anãs castanhas (ou anã marrom) e são um tipo de corpo celeste na fronteira entre as estrelas e os planetas, como gigantes gasosos. O limite superior de massa possível para uma estrela depende do limite de Eddington.

A maior fração dos elementos mais pesados que o hidrogênio ou hélio no universo como o ferro, níquel ou outros metais foram gerados a partir da fusão termonuclear nos núcleos estelares. Elementos cada vez mais pesados gerados nos núcleos com a escassez de elementos leves possuem menor eficiência energética a partir de sua fusão — um ciclo de transições de elementos que eventualmente leva à morte da estrela. Uma estrela em seu fim pode ter diversos destinos dependendo de suas características, como dar origem a uma gigantesca explosão, as supernovas, entrar em colapso dando origem a um buraco negro ou originar uma anã branca.

As estrelas menores que o Sol têm menor temperatura e seu brilho é alaranjado ou avermelhado. As como o Sol têm temperatura média e o seu brilho é amarelado. E as maiores têm maior temperatura e um brilho branco-azulado.

As estrelas visíveis aparecem como pontos brilhantes e cintilantes (por causa de distorção óptica causada pela atmosfera) no céu noturno, à exceção do Sol que devido a sua proximidade é visto como um disco e é o responsável pela luz do dia. O uso comum da palavra estrela nem sempre reflete o verdadeiro objeto astronômico: todos os pontos cintilantes no céu são freqüentemente chamados de estrelas, apesar de poder serem planetas visíveis, meteoros (estrela cadente), galáxias, nebulosas, cometas ou até mesmo um sistema binário formado por duas estrelas, como é o caso de Alpha Crux, que constitui a extremidade mais brilhante do Cruzeiro do Sul (ou Crux).


http://pt.wikipedia.org/wiki/Estrela

Florestas

Florestas formam um biócoro com alta densidade de árvores. Segundo alguns dados as florestas ocupam cerca de 30% da superfície terrestre. As florestas são vitais para a vida do ser humano, devido a muitos fatores principalmente de ordem climática. As florestas podem ser de formação natural ou artificial:

Uma floresta de formação natural é o habitat de muitas espécies de animais e plantas, e a sua biomassa por unidade de área é muito superior se comparado com outros biomas. Além disso, a floresta é uma fonte de riquezas para o homem: fornece madeira, resina, celulose, cortiça, frutos, bagas, é abrigo de caça, protege o solo da erosão, acumula substâncias orgânicas, favorece a piscicultura, cria postos de trabalho, fornece materiais para exportação, melhora a qualidade de vida.

As florestas plantadas são aquelas implantadas com objetivos específicos, e tanto podem ser formadas por espécies nativas como exóticas. Este é o tipo de florestas preferido para o uso em processos que se beneficiem da uniformidade da madeira produzida, como a produção de celulose ou chapas de fibra, também chamadas de placas de fibra, por exemplo. Assim como as culturas agrícolas, o cultivo de florestas passa pelo plantio, ou implantação; um período de crescimento onde são necessários tratos culturais (ou silviculturais) e um período de colheita.

A mais conhecida floresta é a floresta pluvial Amazônica, maior que alguns países. Erroneamente considerada o Pulmão do Mundo, não é, pois foi comprovado cientificamente que a floresta Amazônica consome cerca de 65% do oxigênio que produz (com a fotossíntese) com a respiração e transpiração das plantas. Atualmente aceita-se o conceito de "ar condicionado" do mundo, devido a intensa evaporação de água da bacia. A corrente de ar e a intensa atividade biológica contribuem para manter a temperatura média do planeta e retardar o efeito estufa.

Existem também as florestas tropicais sazonais. São aquelas que perdem suas folhas nas estações de Inverno e Outono, adquirindo uma cor amarelada, avermelhada ou alaranjada.

A uma pequena floresta também se dá o nome de mata

http://pt.wikipedia.org/wiki/Floresta

Seres Vivos e Não Vivos....

A Terra é habitada por milhões de seres

A Terra é habitada por muitos milhões de seres: alguns desses seres são chamados de vivos, outros não.

Todos os seres são formados por matéria. O que distingue um ser vivo de um ser bruto ou não-vivo, em primeiro lugar, é a composição química.

Na Antigüidade, os pensadores achavam que os seres vivos eram dotados de uma exclusiva e misteriosa força vital que lhes confiria vida. Hoje não se acredita mais nisso, pois sabe-se que a matéria que forma os organismos vivos, embora peculiar, é constituída por partículas semelhantes às que formam a matéria não viva e está sujeita às mesmas leis que regem o universo não-vivo.

Na matéria viva, porém, certos elementos químicos estão sempre presentes em grande proporção, como o carbono (C), o hidrogênio (H), o oxigênio (O) e o nitrogênio (N) que, junto com vários outros elementos, em menores quantidades, formam substâncias muito complexas (chamadas genericamente de substâncias orgânicas), que constituem os seres vivos.

Você é um ser vivo, assim como uma planta e uma bactéria. Já uma pedra não é viva, nem uma cadeira.

Os seres vivos não podem ser definidos por apenas uma característica sendo, portanto, necessário levarmos em conta um conjunto de aspectos que os diferenciam dos demais seres.

Vamos analisar essas características.
Para pensar 1 : Um animal morto é um ser inanimado como uma pedra? Por quê?

- Os seres vivos são formados por células

Uma das primeiras generalizações feitas no estudo dos seres vivos diz que: “todos os seres vivos são constituídos por células”. Esteenunciado constitui a chamada Teoria Celular.

A célula é o elemento fundamental que forma o organismo dos seres vivos. Em geral a célula é tão pequena que só pode ser vista ao microscópio. Uma das exceções que se tem, em relação ao tamanho, é um ovo, sua gema constitui uma única célula macroscópica.

A maioria dos seres que conhecemos é formada por grande quantidade de células e, por isso, são chamados de seres pluricelulares. Entretanto, existem seres vivos formados apenas por uma célula: são os chamados unicelulares. As bactérias e os protozoários são unicelulares.

Apesar de ser uma estrutura muito pequena a célula é composta por várias partes:

Membrana plasmática : É uma película que envolve a célula. Além de protegê-la, essa película permite a troca de substâncias entre célula e o exterior. A membrana plasmática desempenha, assim, uma função importante na nutrição celular.
Citoplasma: O citoplasma tem o aspecto gelatinoso e é nele que ficam estruturas (organelas) responsáveis por diversas funções vitais da célula.

Um modelo de célula

Núcleo : É um corpúsculo geralmente situado no centro da célula. Nele se localizam os cromossomos (material genético) responsáveis pela hereditariedade. Sua função é controlar a reprodução e as atividades da célula. Nos seres mais simples, o material genético está espalhado no citoplasma. Nesse caso dizemos que a célula é procarionte. As bactérias são organismos procariontes. Nos organismos mais complexos, o material genético está separado do citoplasma pela membrana nuclear (a carioteca), formando assim um núcleo verdadeiro. Esses organismos são chamados de eucariontes.
Dentre as organelas celulares mais importantes destacam-se:
Mitocôndrias: organela responsável pela geração de energia na célula;
Ribossomo: organela responsável pela produção das proteínas utilizadas pela célula, atuando sempre em grupo (polissomo);
Lisossomo: responsável pela digestão intracelular;
Carioteca: membrana que cerca o núcleo contendo o material genético (DNA) em células eucariontes;
As células que constituem o organismo dos seres não são todas iguais. Raízes, folhas, ossos, pele, músculos etc. têm formas diferentes. Isso acontece porque as células que formam essas partes são diferentes. Um conjunto de células semelhantes que realiza determinada função recebe o nome de tecido.

Célula vegetal

Os organismos vivos são formados por diferentes tipos de tecidos, que formam a pele, a raiz, o caule, os músculos etc..

Apesar de todos os animais e vegetais serem formados por células existem diferenças entre a célula animal e a vegetal. Vejamos as principais:

Na célula vegetal a membrana plasmática é envolvida por uma parede celular. Essa parede é rica em uma substância chamada celulose. Na célula animal não existe parede celular e, conseqüentemente, celulose.
No interior da célula vegetal existe uma organela chamada vacúolo, que ocupa quase todo o interior da célula, e é preenchida por uma substância aquosa rica em materiais nutritivos. Nas células animais os vacúolos são extremamente pequenos.
No interior da célula vegetal encontram-se organelas denominadas cloroplastos, estruturas que abrigam no seu interior a clorofila, um pigmento que tem cor verde, característica dos vegetais. A clorofila permite que os vegetais façam a fotossíntese. Além da clorofila, a célula vegetal pode ter outros tipos de pigmentos de cores variadas. A célula animal não apresenta cloroplastos.

- Os seres vivos possuem capacidade de movimentação
Quando nos referimos à capacidade de movimentação, estamos falando de uma ação voluntária, que um ser vivo faz por si próprio. Os animais se movimentam rápida e ativamente, nadando, correndo ou voando sendo, portanto, mais facilmente identificável. Movimentando-se os animais realizam, com mais facilidade, algumas tarefas básicas, como buscar alimentos, se defender e atacar. Nas plantas a constatação dos movimentos requer uma observação mais cuidadosa pois ocorre mais lentamente. Por exemplo, se girarmos o vaso de uma planta que fica perto da janela, suas folhas se moverão lentamente até ficarem voltadas em direção à fonte de luz. Essa movimentação, no entanto, demorará vários dias.


- Os seres vivos precisam de alimento


Animais se alimentando

Não se pode conceber a vida sem a presença de energia. Energia é o "combustível" necessário para que o ser vivo possa realizar suas funções vitais.

Os seres vivos obtêm a energia a partir dos alimentos orgânicos principalmente açúcares.

Os organismos que conseguem sintetizar esses açúcares são chamados de autótrofos (do grego auto = por si próprio e trofos = nutrição). É o que acontece com as plantas, que são capazes de sintetizar esses açúcares a partir da água e do gás carbônico através de reações químicas que necessitam de luz, realizando um processo denominado fotossíntese (do grego foto = luz e synthesis = juntar, agrupar).

Por outro lado, há organismos imcapazes de produzir seu próprio alimento. Necessitam, então, ingerir vegetais ou outros animais para se alimentarem. Esses organismos são chamados heterótrofos (do grego heteros = outro, diferente e trofos = nutrição) e como exemplo temos os animais.

Tanto os organismos autótrofos quanto os heterótrofos necessitam retirar a energia contida nos açúcares, que são degradados em água e gás carbônico, liberando energia.

O conjunto de reações químicas que acontecem nos seres vivos (quer seja na síntese de substâncias ou na degradação destas para obtenção de energia) recebe o nome de metabolismo.


- Os seres vivos reagem a estímulos
Todos os seres vivos respondem a estímulos que podem ser físicos ou químicos, como pôr exemplo, a mudança de temperatura, de luminosidade, de pressão ou de composição química do ambiente em que vivem.
Alguns poucos vegetais, porém, como a sensitiva (Mimosa pudica), também chamada de dormideira, e certas plantas carnívoras, são capazes de retrair suas folhas em poucos segundos quando tocadas, em uma reação rápida que lembra a de um animal.

Tais plantas produzem reações químicas muito complexas que provocam um movimento de “retração” e “relaxamento” das células, conferindo estes movimentos.

Organismos complexos, como o caso do ser humano, possuem órgãos sensoriais (olhos, ouvidos etc.) altamente especializados em receber os estímulos ambientais. Esses órgãos estão acoplados ao sistema nervoso, que elabora respostas rápidas e adequadas a cada tipo de estímulo.

Os vegetais também respondem a estímulos, embora mais lentamente que os animais. As folhas das plantas crescem em direção à luz; o caule cresce para o alto, em resposta contrária ao estímulo físico da gravidade; as raízes crescem em direção ao centro do planeta, em resposta positiva à força da gravidade. Também é conhecido o caso do girassol, que se movimenta orientado pela direção da incidência de raios luminosos do Sol, e as onze-horas, cujas flores permanecem plenamente abertas apenas perto deste horário.

A capacidade de reagir a estímulos é classificada de acordo com a evolução dos organismos.

No caso dos animais primitivos, dizemos que estes possuem uma irritabilidade simplificada. Esta irritabilidade é a capacidade de reagir, de forma inata e mecânica, a um estímulo. Por exemplo, ao encostar num paramécio ela terá a reação de se afastar para o lado oposto.

Nos animais mais evoluídos, pode-se referir à irritabilidade complexa, através da excitação de um sistema nervoso mais evoluído, que é uma resposta mais elaborada a um estímulo. Como exemplo de maior desenvolvimento, temos o homem, capaz de emitir respostas muito complexas ao meio. Dirigir um automóvel, por exemplo.

No caso dos vegetais estas reações são referidas como tropismos (crescimento do vegetal orientando-se a favor ou contra estímulos ambientais, como a força de gravidade), tactismos (orientação espacial do vegetal em relação à substâncias químicas, como as plantas parasitas infiltrarem raízes em outras plantas para buscar seiva elaborada), nastismos (reação em resposta à organização interna do vegetal, como o exemplo já citado da planta dormideira) e blastismos (reação a estímulos luminosos, como a semente ter fobia ou filia pela luz para germinação).
Para pensar 2 : Baratas que estejam andando a noite, por um cômodo escuro, fogem rapidamente quando a luz é acesa.
Qual propriedade dos seres vivos que melhor explica esse comportamento?


- Os seres vivos têm ciclo vital
Todos os seres vivos passam por diversas fases durante a sua existência: nascem, crescem, amadurecem, se reproduzem, envelhecem e morrem.
Essas etapas constituem o ciclo vital. Os seres brutos, sem vida, não possuem ciclo vital. Os seres brutos não crescem, embora às vezes pareça que isso acontece. O aumento nas ondulações das areias do deserto, chamadas dunas, não se trata de crescimento. Na realidade, esse aumento ocorre por causa da deposição da areia transportada pelo vento. Todos os seres vivos têm duração limitada.


- Os seres vivos se reproduzem
Reprodução é a capacidade que os seres vivos têm de gerar outros seres semelhantes a si mesmos. É por meio da reprodução que as espécies se mantêm através dos tempos. É ela que explica porquê, em condições normais, um ser vivo morre, mas a espécie não desaparece. A reprodução pode ser considerada a característica essencial da vida. Entretanto, apesar de sua importância, não é uma função vital, pois o ser vivo pode viver sem que haja a necessidade de se reproduzir.
A reprodução pode ocorrer de duas formas principais: assexuada (ou agâmica) e sexuada (ou gâmica).



Capivara com filhotes
Planária se reproduzindo

Reprodução assexuada é a reprodução pelo próprio indivíduo, que dá origem a outros seres iguais a ele. Nessa forma de reprodução não há a participação de células sexuais para a formação de novos seres. Como exemplo temos as amebas, certas bactérias, esponjas etc., que se reproduzem assexuadamente. Observe a figura ao lado, onde uma planária se reproduz assexuadamente.
Reprodução sexuada é a reprodução onde é necessária a participação de células sexuais, chamadas gametas. Em geral essas células são produzidas por seres diferentes, um masculino e outro feminino. Nesse caso dizemos que esses seres têm sexos separados. Entre os animais vertebrados, por exemplo, os machos formam espermatozóides e as fêmeas, óvulos. No entanto, alguns seres vivos possuem a capacidade de, no mesmo organismo, formarem tanto gametas masculinos quanto femininos. Esses seres são chamados de hermafroditas. As minhocas, por exemplo.

O encontro de gametas denomina-se fecundação e resulta numa célula-ovo, que se desenvolve para formar um novo ser. Quando a fecundação ocorre no interior do organismo feminino dizemos que a fecundação é interna (mamíferos, aves etc.). Quando ocorre no meio externo, dizemos que a fecundação é externa (a maioria dos peixes, anfíbios etc.). Se os filhotes nascem direto da mãe dizemos que esta espécie é vivípara; se a fêmea bota ovos, dizemos que esta espécie é ovípara.

- Os seres vivos podem adaptar-se

O termo adaptação pode ser empregado em vários sentidos.

Quando desenvolvemos atividades físicas, nossa temperatura aumenta. Um dos mecanismos que o organismo encontra para baixar a temperatura é a transpiração. Esse tipo de ajustamento é chamado homeostase, que constitui um tipo de adaptação.


Escala de evolução do homem

Adaptação também significa a capacidade de um organismo desenvolver, ao longo de milhares de anos, características que permitem melhor ajustamento ao ambiente. Esse processo de mudanças que levam à adaptação recebe o nome de evolução biológica. Os cientistas acreditam que as girafas, por exemplo, descendem de ancestrais que tinham pescoços de comprimentos variáveis. Os indivíduos mais altos tinham mais chance de sobreviver, pois conseguiam alcançar mais facilmente o alimento. Seus filhos herdaram essas características a transmitiram a seus descendentes.
- Leitura complementar : Biogênese versus Abiogênese e o surgimento da vida
Até os meados do século XIX acreditava-se que os seres vivos podiam surgir espontaneamente da matéria não-viva, crença que ficou conhecida como hipótese da geração espontânea ou abiogênese. Hoje sabe-se que um ser vivo surge somente através da reprodução (sexuada ou não).

A teoria da geração espontânea surgiu de um erro de interpretação de fatos que até hoje se observam. É um fato, por exemplo, que podem sair moscas da carne em decomposição. A interpretação precipitada levou os cientistas, de um passado não muito distante, a acreditar que a carne podre se transformava em moscas !

Isso tudo, apesar de parecer ridículo hoje em dia, era dito a sério por gente importante no mundo da Ciência, na época. O que acontece é que eles não dispunham dos recursos que dispomos hoje para verificar o que de fato ocorre.

Hoje sabemos que moscas podem fazer a postura de seus ovos na carne em decomposição, de onde nascerão novas moscas, após certo tempo.

Diversos cientistas trabalharam no sentido de mostrar que a hipótese da geração espontânea era falsa. Dentre eles destacaram-se Redi, Spallanzani e Pasteur.

A hipótese da geração espontânea era inconsciente e foi derrubada por Pasteur com experimentos simples e bem controlados.

A queda definitiva da hipótese da geração espontânea levantou uma nova questão: se os seres vivos não surgirem, em nenhum caso, da matéria bruta, como teriam surgido na Terra pela primeira vez?

Em 1869 o Biólogo inglês Thomas Huxley foi o primeiro a defender a idéia de que os primeiros seres vivos surgiram como resultado de um lento processo de evolução química em nosso Planeta. Essa idéia foi retomada e aprofundada por volta de 1920 pelo Biólogo inglês J. B. S. Haldane e pelo Químico russo A. I. Oparin. Estes cientistas propuseram que a vida teria surgido a partir de substâncias formadas nas condições existentes na Terra primitiva.

Naturalmente, o impressionante ambiente da Terra primitiva deveria sofrer lentas e profundas alterações para que pudesse comportar a vida tal como a concebemos. E, por certo, o primeiro ser vivo a surgir teria que fazê-lo espontaneamente, sem qualquer progenitor. Ora, você deve estar pensando, então, que a teoria da geração espontânea estava correta! Mas essa “geração espontânea” defendida por Oparin não é a mesma em que os cientistas acreditavam até o século XIX. Na interpretação moderna de Oparin, a geração espontânea é impossível nas condições atuais no nosso mundo. Mas nas condições primitivas que o ambiente da Terra ofereceu há cerca de um bilhão de anos, talvez não tivesse sido impossível a ocorrência desse fato.

- O surgimento da vida
Provavelmente, há cerca de 4,5 bilhões de anos surgiu a Terra.
Inicialmente era um imenso globo pastoso que, juntamente com outros milhões de corpos celestes, vagava pelo espaço do infinito Universo. Com o resfriamento da sua superfície, surgiu a primeira camada da crosta terrestre. Depois, pelas rachaduras dessa crosta, começaram a aparecer incontáveis vulcões. A lava desses vulcões recobria a crosta que ia se tornando cada vez mais grossa. O vapor de água eliminado durante as erupções vulcânicas foi se acumulando na atmosfera primitiva durante milhões de anos. Por fim, a atmosfera ficou saturada de vapor d’água e começou a chover. A persistência das chuvas em terríveis temporais acabou esfriando a crosta terrestre e levando ao aparecimento dos rios e mares.

Enquanto isso, os gases que compunham a atmosfera combinaram tanto que acabaram-se por originar substâncias orgânicas (substâncias que, hoje, compõem os seres vivos). Depois, essas substâncias foram levadas pelas águas das chuvas para o solo quente e arrastadas para os mares. Nas águas mornas daqueles primeiros oceanos, as moléculas de substâncias orgânicas combinaram-se entre si e deram origem a outras substâncias chamadas proteínas. Muitas proteínas foram se juntando e se transformando, dando origem aos coacervados.

Os coacervados não eram seres vivos, mas sim uma primitiva organização das substâncias orgânicas. Os coacervados, depois de muitas transformações, adquiriram a capacidade de duplicação. Foi neste momento que surgiu o primeiro ser vivo, que apesar de muito simples era capaz de se reproduzir dando origem a outros seres vivos. Eram seres muito simples, formados por apenas uma célula. Esses seres eram heterotróficos, isto é, se alimentavam de substâncias existentes nos oceanos onde se multiplicavam. Com o passar do tempo o número desses seres aumentou muito. Conseqüentemente o alimento tornou-se escasso. Então, alguns desses seres sofreram modificações de deram origem a seres unicelulares que podiam sintetizar seu próprio alimento (os autótrofos).

Foi a partir desse dois tipos de seres primitivos que toda a vida se desenvolveu na Terra. Eles foram se diferenciando cada vez mais, e cada um passou a depender do outro para sobreviver. Assim foram se originando todos os seres vivos que hoje conhecemos.

Obs .: Naturalmente, os fatos não ocorreram com a simplicidade descrita, mas na descrição foram consideradas as fases mais importantes até a formação de um esboço da vida.



Parte 1 - Questões para auto-avaliação
1) Um inseto é um ser vivo e uma pedra não. Que características os diferenciam?
2) Um grão de areia levado pelo vento está em movimento. É característica dos seres vivos a capacidade de movimentação. Mas, embora um grão de areia possa se deslocar, ele não é um ser vivo. Por quê?
3) Por que o organismo necessita de alimento?
4) Os vegetais são seres vivos que produzem seu próprio alimento sem retirá-lo de outro ser vivo. Como eles fazem isso?
5) Quais as principais diferenças entre uma célula animal e uma vegetal?
6) Ao longo de sua vida, uma planta passa por diferentes etapas de desenvolvimento. Indique as semelhanças entre ciclo vital de uma árvore e de um ser humano.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O Jogo e os Processos de Aprendizagem e Desenvolvimento: Aspectos Cognitivos e Afetivos

O aspecto afetivo do jogo
A libertação da inteligência aprisionada, somente poderá dar-se através do encontro com o perdido prazer de aprender. (FERNÁNDEZ, 1990. p.18)
Ao relatarmos sobre aprendizagem, desenvolvimento, processos de interação, educação escolar não podemos deixar de mencionar sobre a vontade de aprender, o desejo em buscar e realizar a construção do conhecimento o acreditamos que pode ser resgatado através dos jogos em sua dimensão afetiva.
Sucesso e fracasso escolar estão diretamente relacionados com essa vontade de aprender. A educação escolar deve objetivar manter seus alunos em situação de constantes aprendizagens, mas muitas vezes a correria do dia-a-dia acaba por abafar esse processo e torna o prazer pelo aprender cada vez mais complicado, deixando espaço para o fracasso na aprendizagem.
Ao desenvolver em sala de aula um trabalho com jogos está não só desenvolvendo os aspectos cognitivos das crianças, mas passando também a enfatizar os aspectos afetivos que são resgatados durante um momento lúdico (jogos e brincadeiras).
Conforme Rego (2000, p.80):
É interessante observar que, para Vygotsky, o ensino sistemático não é o único fator responsável por alargar horizontes na zona de desenvolvimento proximal. Ele considera o brinquedo uma importante fonte de promoção de desenvolvimento. Afirma que, apesar do brinquedo não ser o aspecto predominante da infância, ele exerce uma enorme influencia no desenvolvimento infantil.
Para trabalhar com os jogos em todas as suas dimensões, tanto cognitivas quanto afetivas, temos que traçar e definir os objetivos que se quer alcançar, para não ficar um momento solto e sem significado dentro da sala de aula.
Estamos então, interligando a educação escolar com a apropriação de conhecimentos, o que resultaria em processos de aprendizagem e desenvolvimento. Assim ao trabalharmos com os aspectos afetivos que norteiam o processo de aprendizagem poderemos buscar através de atividades significativas o sucesso escolar.
De acordo com Weiss (2000, p.23) os “aspectos emocionais estariam ligados ao desenvolvimento afetivo e sua relação com a construção do conhecimento e a expressão deste através da produção escolar. Remete aos aspectos inconscientes envolvidos no ato de aprender.”
Ao ensinar com carinho e respeito às individualidades e potencialidades estaremos mais próximo de prevenir os fracassos escolares. É ampliar a saúde educacional, é dar sentido ao que é realmente significante para quem quer aprender. Aos educadores envolvidos com o processo de aprendizagem cabe resgatar em nas crianças o gosto pelo aprender, à vontade pela busca de conhecimento. Consideramos que através de jogos isso se processaria mais facilmente.
Observar a criança como um sujeito pensante, orgânico, corporal, intelectual e simbólico é ponto de partida para uma nova concepção de aprendizagem, aquela que realmente buscará o sucesso.
Investigar, pesquisar, propor e mediar situações de jogos em sala de aula ocasionaria momentos de afetividade entre a criança e o aprender, tornando a aprendizagem formal mais significativa e prazerosa.
“Descobrir o que a criança sabe e gosta de fazer produziria uma relação na qual ela era capaz. É possível intensificar a problematização por pior que sejam as dificuldades econômicas, intelectuais ou afetivas por que passam algumas crianças.” (MACHADO, 1996, p. 09)
A construção de um espaço de jogo, de interação e de criatividade proporcionaria o aprender com seu objetivo máximo, com sentido e significado, no qual o gostar e o querer estariam sempre presentes.
Ao seguir as idéias de Ronca e Terzi (1995, p. 96):
O jogo, a brincadeira e a diversão fazem parte de uma outra importante dimensão da aula, a ser desenvolvida pelos Educadores, a qual denominamos amplamente de ‘movimento lúdico’. O lúdico permite que a criança explore a relação do corpo com o espaço, provoca possibilidades de deslocamento e velocidade, ou cria condições mentais para sair de enrascadas. Vai, então assimilando e gostando tanto, que tal movimento a faz buscar e viver diferentes atividades que passam a ser fundamental, não só no processo de desenvolvimento de sua personalidade e de seu caráter como, também, ao longo da construção de seu organismo cognitivo.
Quando os problemas de aprendizagem ou fracassos escolares ocorrem devido a anulação das capacidades e o bloqueio das possibilidades de aprendizagem a construção de situações mais significantes de ensino podem auxiliar na busca pelo sucesso escolar.
Analisar este aspecto nos permite compreender que as dificuldades não se encontram apenas nas crianças, mas na estrutura educacional em que se está inserido, temos que compreender essas dificuldades como a articulação entre o estrutural e o dinâmico. Então, Fernández (1990. p.30) afirma que “a origem do problema de aprendizagem não se encontra na estrutura individual.”
Um aspecto da educação escolar que proporcionaria o sucesso escolar é o resgate do jogo, proporcionando um ambiente de amor, nas relações entre criança, conhecimento, meio, aprendizagem e educadores.
Trabalhar com a dimensão lúdica é muito mais do que brincar com as crianças é proporcionar espaços onde seus desejos e sentimentos, ou seja, sua afetividade, esteja presente. O que proporcionaria para a aprendizagem um significado ainda maior.
Para Ronca e Terzi (1995, p.96) o movimento lúdico proporciona compreender os limites e as possibilidades da assimilação de novos conhecimentos pela criança. Esta situação “desenvolve a função simbólica e a linguagem, e trabalha com os limites existentes entre o imaginário e o concreto e vai conhecendo e interpretando os fenômenos a sua volta.”
Ao negar-se a aprender ou rejeitar a aprendizagem, a criança se negará a participar do seu processo de desenvolvimento, o que dificultará cada vez mais as assimilações no processo educativo.
O jogo seria então a articulação entre o desejo, a afetividade, e inteligência e os processos de apropriação do conhecimento e avançar das zonas de desenvolvimento.
Momentos de aprendizagem significativa que proporcionem processos de desenvolvimento ressaltariam o valor do sucesso escolar como algo verdadeiro e realmente importante para a criança. A relação entre educadores e alunos deve ser verdadeira e de trocas de experiências e opiniões, favorecendo um clima harmônico para a socialização do conhecimento.
Conforme aponta Fernández (1990. p.51):
Encaramos a aprendizagem como um processo e uma função, que vai além da aprendizagem escolar e que não se circunscreve exclusivamente à criança. Fazendo uma simplificação, uma abstração do processo de aprendizagem, encontramo-nos ante uma cena em que há dois lugares: um onde está o sujeito que aprende o outro onde colocamos o personagem que ensina. Um pólo onde está o portador de conhecimento e outro que é o lugar onde alguém vai tornar-se um sujeito. Quer dizer que não é sujeito antes da aprendizagem, mas que vai chegar a ser sujeito porque aprende.
Quem ensina e que aprende possuem as mesmas características, como: organismo, inteligência, desejo e corpo, ambos se relacionando entre si e com a aprendizagem que se dá na interação dos corpos com a aprendizagem. A interação e os processos de construção dos conhecimentos adquiridos são fundamentais para alcançarmos o significado da educação escolar para as crianças, levando ao prazer pelo aprender quando se deparam ao domínio do estudado. E, o uso dos jogos pode auxiliar todo esse processo, tanto no aspecto cognitivo quanto no aspecto afetivo.
Somente ao relacionar-se com o saber, interar-se com o conhecimento é que pode se compreender o significado da aprendizagem. A sala de aula deve ser um espaço de confiança, de liberdade (sem libertinagem, mas com limites), de conteúdos interdisciplinares, de inclusão dos diferentes, de aceitação do novo e de afetividade. É nesse espaço de interação que a aprendizagem irá ocorrer.
O sucesso escolar está na realização de um trabalho com prazer.
Os problemas de aprendizagem aqui compreendidos são considerados de ordem reativa, ou seja, aqueles que afetam o sujeito na anulação do aprender, gerando um choque entre o aprender e a instituição educativa, bloqueando o aprender, nesses casos as atividades lúdicas auxiliam a busca pela vontade de aprender, o despertar do afeto pelo aprender.
Jogar em sala de aula proporciona momentos ricos em interação e aprendizagem, auxiliando educadores e educandos no processo de ensino e aprendizagem. O conhecimento é a apropriação do objeto de conhecimento, através das constantes interações entre criança, meio e objeto de conhecimento.
Portanto, é no jogo que se cria, antecipa e inquieta, assim, transforma-se, levanta-se hipóteses e traça estratégias para a busca de soluções.
No jogar o desejável passa a ser algo obtido através da sua imaginação na qual o abstrato se concretiza e resulta no processo de construção do conhecimento.
As situações de jogos atuam no imaginário e estabelecem regras, o que proporciona desenvolvimentos na medida que impulsionam conceitos e processos em desenvolvimento.
Analisamos então, os jogos como estratégia de ensino, na qual ao agir a criança projeta seus sentimentos, vontades e desejos, buscando assim a afetividade na aprendizagem.
Acreditamos que os jogos podem também resgatar o desejo pela busca de conhecimento e tornar a aprendizagem prazerosa, na qual a criança passe a gostar cada vez mais de aprender.

Referências
FERNÁNDEZ, A. A inteligência aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 1990.

Dificuldades ou meios de Aprendizagem

AS TEORIAS QUE EMBASAM O TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO

Conhecer os fundamentos da psicopedagogia implica refletir sobre as suas origens teóricas, ou seja, revisar velhos impasses conceituais subjacentes à ação e à atuação da pedagogia e da psicologia no aprender do fenômeno educativo.
Do seu parentesco com a pedagogia, a psicopedagogia traz as indefinições e contradições de uma ciência cujos limites são os da própria vida humana. Envolve simultaneamente, a meu juízo, o social e o individual, em processos tanto transformadores quanto reprodutores. Da psicologia, a psicopedagogia herda o velho problema do paralelismo psicofísico, um dualismo que ora privilegia o físico (observável), ora o psíquico (a consciência).
Essas duas áreas não são suficientes para apreender o objeto de estudo da psicopedagogia – o processo de aprendizagem e suas variáveis – e nortear a sua prática. Dessa forma, recorre-se a outras áreas, como a filosofia, a neurologia, a sociologia, a lingüística e a psicanálise, no sentido de alcançar compreensão desse processo.
Para Sara Paín (1987, p.15):

Nesse lugar do processo de aprendizagem coincidem um momento histórico, um organismo, uma etapa genética da inteligência e um sujeito associado a tantas outras estruturas teóricas, de cuja engrenagem se ocupa e preocupa a epistemologia; referimo-nos principalmente ao materialismo histórico, à teoria piagetiana da inteligência e à teoria psicanalítica de Freud, enquanto instauram a ideologia, a operatividade e o inconsciente.

Os autores brasileiros Neves, Kiguel, Scoz, Golbert, Rubinstein, Weiss, Barone e outros, assim como os argentinos Fernández (1985, p.12): “A epistemologia genética e a psicanálise são necessárias para a teoria psicopedagógica, mas não se confundem com ela, cujo fim é dar conta da articulação inteligência – desejo”. Jorge Visca (1987, p.7) considera que a psicopedagogia foi se perfilando como um conhecimento independente e complementar, por assimilação recíproca das contribuições das escolas psicanalítica, piagetiana e da psicologia social de Enrique Pichon-Rivière. Desta forma, entende esse autor ser possível compreender a participação dos aspectos afetivos, cognoscitivos e do meio que confluem no aprender do ser humano.
Para Sara Paín, (1986, p. 5), vale relembrar, que os que se defrontam com os problemas de aprendizagem devem fundamentar a sua prática na articulação da Psicanálise, da teoria piagetiana e do materialismo histórico. Por sua vez, Marina Muller (1986) aponta como suportes teóricos da psicopedagogia clínica – campo do qual essa argentina se ocupa – a psicanálise e a psicologia genética, bem como a psicologia social e lingüística. Os profissionais brasileiros também crêem nessa articulação como fundamento para a teoria e a prática psicopedagógicas, conforme veremos a seguir:
Sonia Moojen Kiguel (em Scoz ET AL,; 1990, p.25), fonoaudióloga e psicopedagoga, ao fazer considerações sobre a abordagem psicopedagógica, afirma:
A psicopedagogia terapêutica é um campo do conhecimento relativamente novo que surgiu na fronteira entre a pedagogia e a psicologia. Encontra-se ainda em fase de organização de um corpo teórico específico, visando a integração das ciências pedagógica, psicológica, fonoaudiológica, neuropsicológica, e psicolingüística, para uma compreensão mais integradora do fenômeno da aprendizagem humana.

Vemos nas palavras de Barone (1991, p. 113) um pensamento convergente para esse sentido:

A prática psicopedagógica vem colocando questões ainda pouco discutidas de manejo difícil e geradoras de conflito. Isto porque seu “paciente”, o sujeito com dificuldade de aprendizagem, apresenta, quase sempre, um quadro de comprometimentos que extrapola o campo de ação específico de diferentes profissionais, envolvendo dificuldades cognitivas, instrumentais e afetivas.

Vimos que, devido à complexidade do seu objeto de estudo, são importantes à psicopedagogia conhecimentos específicos de diversas outras teorias, as quais incidem sobre os seus objetos de estudos, por exemplo:

• A psicanálise encarrega-se do mundo inconsciente, das representações profundas, operantes por meio da dinâmica psíquica que se expressa por sintomas e símbolos, permitindo-nos levar em conta a face desejante do homem;
• A psicologia social encarrega-se da constituição dos sujeitos, que responde ás relações familiares, grupais, e institucionais, em condições socioculturais e econômicas específicas e que contextuam toda a aprendizagem;
• A epistemologia e a psicologia genética encarregam-se de analisar e descrever o processo construtivo do conhecimento pelo sujeito em interação com os outros e com os objetos;
• A lingüística traz a compreensão da linguagem como um dos meios que caracterizam o tipicamente humano e cultural: a língua enquanto código disponível a todos os membros de uma sociedade, e a fala como fenômeno subjetivo, evolutivo e historiado de acesso à estrutura simbólica;
• A pedagogia contribui com as diversas abordagens do processo ensino-aprendizagem, analisando-o do ponto de vista de quem ensina;
• Os fundamentos na neuropsicologia possibilitam a compreensão dos mecanismos cerebrais que subjazem ao aprimoramento das atividades mentais, indicando-nos a que correspondem, do ponto de vista orgânico, todas as evoluções ocorridas no plano psíquico.

Ora, nenhuma dessas áreas surgiu especificamente para responder à problemática da aprendizagem humana. elas, no entanto, nos fornecem meios para refletir cientificamente e operar no campo psicopedagógico, o nosso campo.
Vejamos um exemplo: uma criança nos é encaminhada por não aprender a ler e a escrever – situação, por sinal, bastante comum no dia-a-dia, seja no consultório, seja na instituição escolar. Recorremos então, a um corpo teórico para que alguns elementos nos ajudem a iluminar o epicentro do problema. Começamos por analisar algumas questões que surgem no nosso trabalho de auxiliar esse sujeito a restabelecer o seu processo de aprendizagem ou, por outra, a entrar no curso da aprendizagem. Pois bem, será que a metodologia utilizada no processo de alfabetização é adequada? Essa questão envolve aspectos do processo ensino-aprendizagem que devem ser vistos à luz de teorias pedagógicas. Além disso, a construção desse novo objeto de conhecimento- o processo de leitura-escrita implica processos cognitivos que podem ser compreendidos por meio da psicologia genética, por exemplo. Ou será que o processo se acha inviabilizado na relação professor-aluno? Estaria o aluno estabelecendo uma relação transferencial com o professor, a qual não lhe permite o aprender, ou vice-versa? Ou ainda, o acesso à leitura-escrita poderia se tornar algo persecutório por estar relacionado com o crescimento? Essa análise, enfim, conforme vimos sublinhando, envolve o respaldo de outras disciplinas, seja no caso uma cultura psicanalítica que permita identificar mecanismos psíquicos, de representação, que atuam no sentido da não-aprendizagem para esse sujeito.
Podemos, por outro lado, estar diante de um caso em que o sujeito tenha sofrido uma anóxia de parto que lhe ocasionou uma lesão cerebral, atingindo a área cortical da linguagem. Como nos asseguramos dessas informações, que, uma vez confirmadas. Dão um direcionamento muito diferenciado das situações anteriores? Evidencia-se, neste caso, que alguns princípios da neurologia são de fundamental importância ao profissional da psicopedagogia, desde o encaminhamento a outros profissionais até a definição da forma de tratamento.
Podemos ainda nos deparar com uma ocorrência em que a dificuldade advenha de diferenças culturais e de linguagem. A estranheza dos significantes do professor para o aluno, e vice-versa, gera problemas na própria comunicação, comprometendo deste modo a leitura e a escrita, já que essas se configuram em um ato de comunicação. A lingüística, nesta situação exemplar, pode oferecer um aparato conceitual que venha a operar no sentido de explicitar ao psicopedagogo a causa da problemática e, quem sabe, permitir-lhe uma eficiente intervenção.
De sua parte, a psicologia social ilumina a natureza do grupo a que pertence o sujeito da aprendizagem e as interferências socioculturais desse grupo nesse sujeito. Enfim, esse e os demais exemplos aqui apresentados atestam situações em que, requerendo elementos conceituais de outros corpos teóricos, a psicopedagogia pensa o seu objeto de estudo, exemplos em que se registra essa cooperação, esse operar com outros sobre um problema, uma anomalia.
Os profissionais da psicopedagogia, como quaisquer outros profissionais, sustentam a sua prática em pressupostos teóricos muitas vezes distintos, conforme já referido antes. Isso implica diversificados enquadres, conseqüências da identificação do profissional com determinada corrente teórica. O psicopedagogo pode, por exemplo, dentro das teorias da personalidade, escolher a psicanálise com o objetivo de compreender o sentido inconsciente das dificuldades de aprendizagem. Tal escolha estaria alicerçada na condição pessoal de psicopedagogo, a qual é oriunda da sua experiência de análise e das condições da sua formação.
Essa opção implica determinado procedimento prático, no qual o trabalho psicopedagógico consistiria em propor à criança a realização de determinadas tarefas e acompanhá-la na sua execução. O foco de atenção do psicopedagogo, porém, é a reação da criança diante da tarefa, considerando resistências, bloqueios, lapsos, hesitações, repetições, sentimentos e angústias frente a certas situações. Além de outros procedimentos, o psicopedagogo faz as intervenções, que visam permitir à criança entrar em contato com o sentido inconsciente das suas dificuldades.
Menos como uma digressão, do que como um breve lembrete, poderíamos sublinhar que Freud já previu a possibilidade de se recorrer à psicanálise na compreensão dos diversos sintomas (remetemo-nos ao uso psicanalítico do termo sintoma). O problema de aprendizagem enquanto sintoma, pode ser comparado, na sua dinâmica, com o sintoma conversivo. Frente a enfermidades que apareciam no corpo e que não podiam ser explicadas pela medicina, Freud chega a noção de inconsciente para o corpo. A partir daí começa a pensar nas formações do inconsciente não se manifesta de forma direta, nem se pode circunscrevê-lo ou delimitá-lo, mas aprece através das fraturas: o chiste, o lapso, o ato falho, o sonho e o sintoma. “O futuro provavelmente atribuirá muito maior importância, a psicanálise como a ciência do inconsciente de que como um procedimento terapêutico” (Freud, 1976, v. XX, p. 303). Como ciência do inconsciente, portanto, a psicanálise permite a compreensão do sintoma enquanto problema de aprendizagem, percebendo-o como uma manifestação humana carregada de significado.
Entretanto, não só à psicanálise recorre o psicopedagogo. Como vimos, ele busca conhecimentos também na psicologia genética, na psicologia social, na pscolinguística, etc. Sabemos igualmente que nenhuma dessas áreas surge para responder aos problemas de aprendizagem: as diversas combinações entre elas resultam, entretanto, em posturas teórico-práticas diversificadas, porém com diversos pontos de convergência. Assim, a partir de pressupostos teóricos iniciais da medicina, da psicologia e da pedagogia, forma-se constituindo concepções acerca dos problemas de aprendizagem, as quais se transformaram e, consequentemente, transformaram a prática psicopedagógica, até esta chegar à configuração atual. De qualquer modo, a psicopedagogia se encontra em fase embrionária, e seu corpo teórico acha-se em construção, amalgamando-se ou estruturando o seu arcabouço lógico-principal ou ideal. A cada dia surgem novas idéias, novas situações e mais transformação: o psicopedagogo então transforma a teoria, e, por seu turno, a teoria o transforma.
Podemos caracterizar a psicopedagogia como uma área de confluência do psicológico (a subjetividade do ser humano enquanto tal) e o educacional (atividade especificamente humana, social e cultural). Tratando do mundo psíquico individual e grupal em relação à aprendizagem e aos sistemas e processos educativos, o psicopedagogo ensina como aprender e, para isso, necessita apreender o aprender e a aprendizagem. Para o psicopedagogo, aprender é um processo que implica pôr em ação diferentes sistemas que intervêm em todo sujeito: a rede de relações e códigos culturais e de linguagem que, desde antes do nascimento, têm lugar em cada ser humano à medida que ele se incorpora à sociedade.
A aprendizagem, afinal, é responsável pela inserção da pessoa no mundo da cultura. Mediante a aprendizagem, o indivíduo se incorpora ao mundo cultural, com uma participação ativa, ao se apropriar de conhecimentos e técnicas, construindo em sua interioridade um universo de representações simbólicas.
Pois bem, nesse trabalho de ensinar a aprender, o psicopedagogo recorre a critérios diagnósticos no sentido de compreender a falha na aprendizagem – daí o caráter clínico da psicopedagogia, ainda que o seu objetivo seja a prevenção dos problemas de aprendizagem. É clínico porque envolve sempre um processo diagnóstico ou de investigação que precede o plano de trabalho. Esse diagnóstico consiste na busca de um saber para saber-fazer. Por meio das observações obtidas nesse processo de investigação, o psicopedagogo inicia a construção de seu plano de trabalho. “O diagnóstico não completa o olhar interpretativo nem diagnóstico: todo processo terapêutico é também diagnóstico”. (Fernández, 1990, p.44), ocorrendo também no trabalho institucional, no qual após o momento inicial de investigação, se inicia um processo de intervenção, com a implantação de recursos capazes de solucionar o problema tão logo este se anuncie. Durante esse processo de intervenção, o profissional não abandona o olhar interpretativo que caracteriza a prática psicopedagógica.
A investigação diagnóstica envolve a leitura de um processo complexo, no qual todas as ambigüidades de atribuição de sentido a uma série de manifestações conscientes e inconscientes se fazem presentes. Interjogam aí o pessoal, o familiar atual e passado, o sociocultural, o educacional, a aprendizagem sistemática. O decifrar do sentido da dificuldade de aprendizagem repercute sobre o problema que interpretamos: a nossa linguagem sobre a linguagem da enfermidade nos leva a um compromisso, ou seja, ao diagnóstico, promotor de decisões acerca do tratamento.
As observações de Ajuriaguerra (1970, p. 1) nos falam das dificuldades inerentes ao processo diagnóstico no trabalho psicopedagógico com a criança e com o adolescente,

ainda mais do que com o adulto, é com a criança que encontramos dúvidas nosográficas. Sujeito em evolução, a criança é móvel em suas estruturas e maleável em suas manifestações; o mesmo acontece em patologia.

A leitura do diagnóstico pode variar segundo cada profissional, em função da sua formação, dos marcos referenciais que sustentam a sua prática e a abordagem teórica com a qual ele se identifica. Essa questão é ainda mais controvertida quando se fala na atuação psicopedagógica no Brasil, devido às suas condições de formação.
Atualmente, a psicopedagogia refere-se a um saber e a um saber-fazer, às condições subjetivas e relacionais - em especial familiares e escolares -, a inibições, atrasos e desvios do sujeito ou grupo a ser diagnosticado. O conhecimento psicopedagógico não se cristaliza em uma delimitação fixa, nem nos déficits e alterações subjetivas do aprender, mas avalia a possibilidade do sujeito, a disponibilidade afetiva de saber e de fazer, reconhecendo que o saber é próprio do sujeito.

O CAMPO DE ATUAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA

O campo de atuação do psicopedagogo refere-se não só ao espaço físico onde se dá esse trabalho, mas também e em especial ao espaço epistemológico que lhe cabe, ou seja, ao lugar deste campo de atividade e ao modo de abordar o seu objeto de estudo.
A forma de abordar o objeto de estudo pode assumir características específicas, a depender da modalidade: clínica, preventiva e teórica, umas articulando-se às outras. O trabalho clínico não deixa de ser preventivo, uma vez que, ao tratar alguns transtornos de aprendizagem, pode evitar o aparecimento de outros. O trabalho preventivo, numa abordagem psicopedagógica, é sempre clínico, levando em conta a singularidade de cada pessoa. Essas duas formas de atuação, por sua vez, não deixam de resultar em um trabalho teórico. Tanto na prática preventiva quanto na clínica, o profissional, como já vimos anteriormente, procede sempre embasado no referencial teórico adotado.
Ao delimitar o campo de atuação do trabalho psicopedagógico, deve-se no entanto, diferenciar essas modalidades de atuação, especificando as suas tarefas. Dessa forma, o trabalho psicopedagógico na área preventiva é de orientação no processo ensino aprendizagem, visando favorecer a apropriação do conhecimento pelo ser humano, ao longo da sua evolução. Esse trabalho pode se dar na forma individual ou na grupal, na área da saúde mental e da educação.
Na sua função preventiva, cabe ao psicopedagogo:
• Detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem;
• Participar da dinâmica das relações da comunidade educativa, a fim de favorecer processos de integração e troca;
• Promover orientações metodológicas de acordo com as características dos indivíduos e grupos;
• Realizar processos de orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo.

O trabalho psicopedagógico pode, certamente, ter um caráter assistencial. Isso acontece quando, por exemplo, o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração, direção e evolução de planos, programas e projetos no setor de educação e saúde, integrando diferentes campos de conhecimento. A psicopedagogia ocupa-se, assim, de todo o contexto da aprendizagem, seja na área clínica, preventiva, assistencial, envolvendo elaboração teórica no sentido de relacionar os fatores envolvidos nesse ponto de convergência em que opera.
A elaboração teórica visa criar um corpo teórico da psicopedagogia, com processos de investigação e diagnóstico que lhe sejam específicos, por meio de estudo das questões educacionais e da saúde, no que concerne ao processo de aprendizagem. Implica, desta maneira, uma reflexão constante sobre a pertinência da aplicação das diversas teorias ao campo da psicopedagogia, por meio de avaliação da prática resultante desses pressupostos. Esse trabalho consiste em uma leitura e releitura do processo de aprendizagem e do processo da não-aprendizagem, bem como da aplicabilidade e dos conceitos teóricos, resultando em novos contornos e significados, proporcionando práticas mais consistentes.
Já na área da saúde, o trabalho é feito em consultórios privados e/ou em instituições de saúde (como hospitais), no sentido de reconhecer e atender às alterações da aprendizagem sistemática e/ou assistemáticas, de natureza patológica. Existe também uma proposta de atuação nas empresas, onde o objetivo seria favorecer a aprendizagem do sujeito para uma nova função, auxiliando-o para um desenvolvimento mais efetivo de suas atividades.
Historicamente, a psicopedagogia nasceu para atender a patologia da aprendizagem, mas ela se tem voltado cada vez mais para uma ação preventiva, acreditando que muitas dificuldades de aprendizagem se devem à inadequada pedagogia institucional e familiar. A proposta da psicopedagogia, em uma ação preventiva, é adotar uma postura crítica frente ao fracasso escolar, em uma concepção mais totalizante, visando propor novas alternativas de ação voltadas para a melhoria da prática pedagógica nas escolas.
Segundo Lino de Macedo (1990), o psicopedagogo no Brasil, ocupa-se das seguintes atividades:
1. orientação de estudos – consiste em organizar a vida escolar da criança quando esta não sabe fazê-lo espontaneamente. Procura-se promover o melhor uso do tempo, a elaboração de uma agenda e tudo aquilo que é necessário ao “como estudar” (como ler um texto, como escrever, como estudar para a prova, etc.);
2. apropriação dos conteúdos escolares – o psicopedagogo visa propiciar o domínio de disciplinas escolares em que a criança não vem tendo um bom aproveitamento. Ele se diferencia do professor particular, pois o conteúdo escolar é usado apenas como estratégia para ajudar e fornecer ao aluno o domínio de si próprio e as condições necessárias ao desenvolvimento cognitivo.
3. desenvolvimento do raciocínio – trabalho feito com os processos de pensamento necessários ao ato de aprender. Os jogos são muito utilizados pois são férteis no sentido de criarem um contexto de observação e diálogo sobre processos de pensar e de construir o conhecimento. Este procedimento pode promover um desenvolvimento cognitivo maior do que aquele que as escolas costumam alcançar.
4. atendimento de crianças – a psicopedagogia se presta a atender deficientes mentais, autistas ou crianças com comprometimentos orgânicos mais graves, podendo até substituir o trabalho da escola. Para Lino de Macedo estas quatro atividades não são excludentes entre si nem em relação a outras. O atendimento psicopedagógico poderá, em determinados casos, recorrer a propostas corporais, artísticas, etc. De qualquer forma, está sempre relacionado com o trabalho escolar, ainda que com ele não esteja diretamente comprometido.

Para Janine Mery (1985), o psicopedagogo é um professor de tipo particular, que realiza a sua tarefa de pedagogo, sem perder de vista os propósitos terapêuticos da sua ação. Qualquer que tenha siso a sua formação (psicólogos, pedagogos, fonoaudiólogo, professor), ele assumirá sempre a dupla polaridade do seu papel, o que determinará o modo de ser, perante a criança e seus familiares, bem como diante da equipe a que pertence. O trabalho do psicopedagogo, de acordo com Mery, possui as seguintes especificidades:
• o “transtorno de aprendizagem” é encarado como manifestação de uma perturbação que envolve a totalidade da personalidade;
• o desenvolvimento infantil é considerado a partir de uma perspectiva dinâmica, e é dentro dessa evolução dinâmica que o sintoma “transtorno de aprendizagem” é estudado. Assim, se for oferecida uma forma de relação melhor e diferente à criança, ela deverá retomar a sua evolução normal;
• a neutralidade do papel de psicopedagogo é negada, e este conhece a importância da relação transferencial entre o profissional e o sujeito da aprendizagem;
• o objetivo do psicopedagogo é levar o sujeito a reintegrar-se à vida escolar normal, respeitando as suas possibilidades e interesses.

O psicopedagogo, ainda segundo Janine Mery (1985), respeita a escola tal como é, apesar de suas imperfeições, porque é através da escola que o aluno se situará em relação aos seus semelhantes, optará por uma profissão, participará da construção coletiva da sociedade a qual pertence. Isso não impedirá que o pscicopedagogo colabore para a melhoria das condições de trabalho numa determinada escola ou na conquista de seus objetivos. Em seu trabalho, ele deverá fazer com que a criança enfrente a escola de hoje, e não a de amanhã. Esse enfrentamento, no entanto, não significaria impor à criança normas arbitrárias ou sufocar-lhe a individualidade. Busca-se sempre desenvolver e expandir a personalidade do indivíduo, favorecendo as suas iniciativas pessoais, suscitando os seus interesses, respeitando os seus gostos, propondo e não impondo atividades, procurando sugerir pelo menos duas vias para a escolha do rumo a ser tomado, permitindo a opção. Assim, tanto no seu exercício na área educativa, como na da saúde, pode-se considerar que o psicopedagogo tem uma atitude clínica frente ao seu objeto se estudo. Isso não implica que o lugar de trabalho seja a clínica, mas se refere às atitudes do profissional ao longo da sua atuação.

BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 3ª ed. – Porto Alegre: Artmed, 2007.

Aula - Professora Viviane - POS Psicopedagogia