sexta-feira, 11 de março de 2011

Atividades sobre o texo anterior....

1 - Sobre o texto:




a) Qual é o título? E o autor?

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b) Que tipo de texto é este?

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c) Este texto tem ____ parágrafos.



d) Pinte o texto de acordo com a legenda:

□ narrador □ Clara Luz □ Fada Mãe



2 - O que você acha que significam estas palavras?



PALAVRAS O QUE VOCÊ ACHA QUE É: DICIONÁRIO:

RABUJENTA

ENJOADA



3) Que problema preocupava a Fada Mãe?

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4) O que acontece quando ninguém inventa nada no mundo?

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5) O que Clara Luz respondeu à mãe, quando esta lhe perguntou por que não queria aprender no Livro das Fadas? ..............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................

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6) Como Clara Luz considerava a Lição I? Por quê?

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7) Descreva como era a casa onde morava a fada mãe e usa filha?

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8) Copie o parágrafo que indica o pedido que a Fada Mãe fez à Clara Luz.

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9) Escreva a parte que você mais gostou e ilustre.

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Livros.... vamos ler.....

A Fada que Tinha Idéias


Clara Luz era uma fada, de seus dez anos de idade, mais ou menos, que morava lá no céu com a senhora fada sua mãe. Viveriam muito bem se não fosse uma coisa: Clara Luz não queria aprender a fazer mágicas pelo Livro das Fadas. Queria inventar as suas próprias mágicas.

- Mas minha filha - dizia a Fada Mãe - todas as fadas sempre aprenderam por esse livro. Por que só você não quer aprender?

- Não é preguiça, não, mamãe. É que não gosto do mundo parado.

- Mundo parado?

- É. Quando alguém inventa alguma coisa, o mundo anda. Quando ninguém inventa nada, o mundo fica parado. Nunca reparou?

- Não...

- Pois repare só.

A Fada Mãe ia cuidar do seu serviço, muito preocupada. Ela morria de medo do dia em que a Rainha das Fadas descobrisse que Clara Luz nunca saíra da Lição I, do Livro.

A Rainha era uma velha fada muito rabugenta. .Felizmente vivia num palácio, do outro lado do céu. Clara Luz e a mãe moravam numa rua toda feita de estrelas, chamada Via-Láctea. A casinha delas era de prata e tinha um jardim todo de flores prateadas.

- Minha filha, faça uma forcinha, passe ao menos para a Lição II! - pedia a Fada Mãe, aflita.

- Não vale a pena, mamãe. A Lição I já é tão enjoada, que a II tem que ser duas vezes pior.

- Mas enjoada por quê?

- Ensina a fabricar tapete mágico.

- Pois então? Já pensou que maravilha saber fazer um tapete mágico?

- Não acho, não. Tudo quanto é fada só pensa em tapete mágico. Ninguém tem uma idéia nova!



Fernanda Lopes de Almeida

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A Fada que Tinha Idéias

Clara Luz era uma fada, de seus dez anos de idade, mais ou menos, que morava lá no céu com a senhora fada sua mãe. Viveriam muito bem se não fosse uma coisa: Clara Luz não queria aprender a fazer mágicas pelo Livro das Fadas. Queria inventar as suas próprias mágicas.

- Mas minha filha - dizia a Fada Mãe - todas as fadas sempre aprenderam por esse livro. Por que só você não quer aprender?

- Não é preguiça, não, mamãe. É que não gosto do mundo parado.

- Mundo parado?

- É. Quando alguém inventa alguma coisa, o mundo anda. Quando ninguém inventa nada, o mundo fica parado. Nunca reparou?

- Não...

- Pois repare só.

A Fada Mãe ia cuidar do seu serviço, muito preocupada. Ela morria de medo do dia em que a Rainha das Fadas descobrisse que Clara Luz nunca saíra da Lição I, do Livro.

A Rainha era uma velha fada muito rabugenta. .Felizmente vivia num palácio, do outro lado do céu. Clara Luz e a mãe moravam numa rua toda feita de estrelas, chamada Via-Láctea. A casinha delas era de prata e tinha um jardim todo de flores prateadas.

- Minha filha, faça uma forcinha, passe ao menos para a Lição II! - pedia a Fada Mãe, aflita.

- Não vale a pena, mamãe. A Lição I já é tão enjoada, que a II tem que ser duas vezes pior.

- Mas enjoada por quê?

- Ensina a fabricar tapete mágico.

- Pois então? Já pensou que maravilha saber fazer um tapete mágico?

- Não acho, não. Tudo quanto é fada só pensa em tapete mágico. Ninguém tem uma idéia nova!



Fernanda Lopes de Almeida

Biografia - PAULO FREIRE

"Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo,que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade."

Biografia:



Como estudioso, ativista social e trabalhador cultural, Freire desenvolveu, mais do que uma prática de alfabetização, uma pedagogia crítico-libertadora . Em sua proposta, o ato de conhecimento tem como pressuposto fundamental a cultura do educando; não para cristalizá-la, mas como "ponto de partida" para que ele avance na leitura do mundo, compreendendo-se como sujeito da história. É através da relação dialógica que se consolida a educação como prática da liberdade.

Em sua primeira experiência, em 1963, Freire ensinou 300 adultos a ler e escrever em 45 dias. Esse método foi adotado em Pernambuco, um estado produtor de cana-de-açúcar. O trabalho de Freire com os pobres, internacionalmente aclamado, teve início no final da década de 40 e continuou de forma ininterrupta até 1964

Em 1964, com o golpe militar que derrubou o governo do Presidente João Goulart, eleito democraticamente, Freire foi acusado de pregar o comunismo, sendo detido.

Os 16 anos de exílio foram períodos tumultuados e produtivos: uma estadia de cinco anos no Chile como consultor da UNESCO no Instituto de Capacitação e Investigação em Reforma Agrária; uma nomeação, em 1969, para trabalhar no Centro para Estudos de Desenvolvimento e Mudança Social da Universidade de Harvard; uma mudança para Genebra, na Suíça, em 1970, para trabalhar como consultor do Escritório de Educação do Conselho Mundial de Igrejas, onde desenvolveu programas de alfabetização para a Tanzânia e Guiné Bissau, que se concentravam na reafricanização de seus países; o desenvolvimento de programas de alfabetização em algumas ex-colônias portuguesas pós-revolucionárias como Angola e Moçambique; ajuda ao governo do Peru e da Nicarágua em suas campanhas de alfabetização...

Representa um dos maiores e mais significantes educadores do século XX. Sua pedagogia mostra um novo caminho para a relação entre educadores e educandos. Caminho este que, consolida uma proposta político-pedagógica elegendo educador e educando como sujeitos do processo de construção do conhecimento mediatizados pelo mundo, visando a transformação social e construção de uma sociedade justa, democrática e igualitária..

Na América do Sul, Europa, África, América do Norte e Central, suas idéias revolucionaram o pensamento pedagógico universal, estimulando a prática educativa de movimentos e organizações de diversas naturezas. Três filosofias marcaram sucessivamente a obra de Paulo Freire: o existencialismo, a fenomenologia e o marxismo sem, no entanto adotar uma posição ortodoxa. Seu pensamento rompeu a relação cristalizadora de dominação, buscando pensar a realidade dentro do universo do educando, construindo a prática educacional considerando a linguagem e a história da coletividade elementos essenciais dessa prática.

Em Paulo Freire vida, pensamento e obra se juntam.

Pensa a realidade e a ação sobre ela, trabalhando teoricamente a partir dela. Segundo ele, as questões e problemas principais de educação não são só questões pedagógicas, ao contrário, são políticas. Sua proposta, a pedagogia crítica, como práxis cultural contribui para revelar a ideologia encoberta na consciência das pessoas.

Seu trabalho revela dedicação e coerência aliados a convicção de luta por uma sociedade justa, voltada para o processo permanente de humanização entre as pessoas onde ninguém é excluído ou posto à margem da vida. Paulo Freire provou que é possível educar para responder aos desafios da sociedade, neste sentido a educação deve ser um instrumento de transformação global do homem e da sociedade, tendo como essência a dialogicidade.





Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia - Saberes necessários à

prática educativa. São Paulo, Brasil: Paz e Terra (Colecção

Leitura), 1997. Edição de bolso, 13,5x10 cm., 165 páginas.

Caetano Valadão Serpa, Ph.D. and Maria de Lourdes B. Serpa, Ed D



Presidente Clinton no seu discurso de 1997 ao Congresso dos Estados Unidos focou a

Educação como primeira prioridade no seu plano de acção para o seu segundo

mandato. A seguir, em A Call to Action For American Education, o Presidente dos

Estados Unidos refere-se a várias áreas de acção incluindo a formação de docentes

mas esta é feita duma maneira generalizada. No entanto, a formação de professores e

professoras adequada as necessidades actuais, é um dos alicerces fundamentais a todo o processo de reforma educativa, dada a mudança demográfica nas escolas dos EU. Os educandos actualmente provêem duma sociedade multicultural com uma diversidade de famílias, culturas, raças, línguas e níveis socio-economicos... A todos devemos um sistema educativo eficiente e respeitador, que os prepare eficazmente para as realidades academicas, profissionais e sociais do século XXI.

Esta é uma das razões porque achamos o último livro do mui estimado Professor Paulo Freire a Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa resposta e contribuição essencial para o processo de formação de docentes nos Estados Unidos—e no mundo -- onde o sistema educativo nem sempre corresponde às necessidades dos alunos e alunas, especialmente, os menos favorecidos, por mais incrível que pareça.

Este é um livro extraordinário que deve ser considerado como texto essencial de leitura e reflexão pelos responsáveis da educação e formação a todos os níveis. A Pedagogia da Autonomia é um livro pequeno em tamanho, mas gigante em esperança e optimismo, que condena as mentalidades fatalistas que se conformam com a ideologia imobilizante de que "a realidade é assim mesmo, que podemos fazer?"

Para estes basta o treino técnico indispensável `a sobrevivência. Em Paulo Freire, educar é construir, é libertar o ser humano das cadeias do determinismo neoliberal, reconhecendo que a História é um tempo de possibilidades. É um "ensinar a pensar certo" como quem "fala com a força do testemunho". É um "ato comunicante, coparticipado", de modo algum produto de uma mente "burocratizada". No entanto, toda a curiosidade de saber exige uma reflexão crítica e prática, de modo que o próprio discurso teórico terá de ser aliado à sua aplicação prática.

Ensinar é algo de profundo e dinâmico onde a questão de identidade cultural que atinge a dimensão individual e a classe dos educandos, é essencial à "prática educativa progressista". Portanto, torna-se imprescindível "solidariedade social e política para se evitar um ensino elitista e autoritário como quem tem o exclusivo do "saber articulado". E de novo, Freire salienta, constantemente, que educar não é a mera transferência de conhecimentos, mas sim conscientização e testemunho de vida, senão não terá eficácia.

Igualmente, para ele, educar é como viver, exige a consc iência do inacabado porque a "História em que me faço com os outros (...) é um tempo de possibilidades e não de determinismo"(p.58). No entanto, tempo de possibilidades condicionadas pela herança do genético, social, cultural e histórico que faz dos homens e das mulheres seres responsáveis, sobretudo quando "a decência pode ser negada e a liberdade ofendida e recusada"(p.62). Segundo Freire, "o educador que 'castra' a curiosidade do educando em nome da eficácia da memorização mecânica do ensino dos conteúdos, tolhe a liberdade do educando, a sua capacidade de aventurar-se. Não forma, domestica" (63). A autonomia, a dignidade e a identidade do educando tem de ser respeitada, caso contrário, o ensino tornar-se-á "inautêntico, palavreado vazio e inoperante" (p.69). E isto só é possível tendo em conta os conhecimentos adquiridos de experiência feitos" pelas crianças e adultos antes de chegarem a escola.

Para Freire, o homem e a mulher são os únicos seres capazes de aprender com alegria e esperança, na convicção de que a mudança é possível. Aprender é uma descoberta criadora, com abertura ao risco e a aventura do ser, pois ensinando se aprende e aprendendo se ensina.

Como já referimos, embora o pano de fundo para Paulo Freire seja o Brasil, a sua filosofia de educação é um clamor universal em favor da esperança para todos os

membros da raça humana oprimida e descriminada. Neste sentido, afirma que qualquer iniciativa de alfabetização só toma dimensão humana quando se realiza a

"expulsão do opressor de dentro do oprimido", como libertação da culpa (imposta) pelo

"seu fracasso no mundo".

Por outro lado, Freire insiste na "especificidade humana" do ensino, enquanto

competência profissional e generosidade pessoal, sem autoritarismos e arrogância. Só

assim, diz ele, nascerá um clima de respeito mútuo e disciplina saudável entre "a

autoridade docente e as liberdades dos alunos, (...) reinventando o ser humano na

aprendizagem de sua autonomia"(p.105). Consequentemente, não se poderá separar

"prática de teoria, autoridade de liberdade, ignorância de saber, respeito ao professor

de respeito aos alunos, ensinar de aprender" (pp.106-107).

A idéia de coerência profissional, indica que o ensino exige do docente

comprometimento existencial, do qual nasce autêntica solidariedade entre educador e

educandos, pois ninguém se pode contentar com uma maneira neutra de estar no

mundo. Ensinar, por essência, é uma forma de intervenção no mundo, uma tomada de

posição, uma decisão, por vezes, até uma rotura com o passado e o presente. Pois,

quando fala de "educação como intervenção", P. Freire refere -se a mudanças reais na

sociedade: no campo da economia, das relações humanas, da propriedade, do direito

ao trabalho, `a terra, `a educação, `a saúde(...)"(p.123), em referência clara `a

situação no Brasil e noutros países da América Latina.

Para Freire, a educação é ideológica mas dialogante e atentiva, para que se possa estabelecer a autêntica comunicação da aprendizagem, entre gente, com alma,

sentimentos e emoções, desejos e sonhos. A sua pedagogia é "fundada na ética, no

respeito `a dignidade e `a própria autonomia do educando"(p.11). E é "vigilante

contra todas as práticas de desumanização"(p.12). É necessário que "o saber-fazer da

auto reflexão crítica e o saber-ser da sabedoria exercitada ajudem a evitar a

"degradação humana" e o discurso fatalista da globalização", como ele tão bem diz.

Para Paulo Freire o ensino é muito mais que uma profissão, é uma missão que exige comprovados saberes no seu processo dinâmico de promoção da autonomia do ser de todos os educandos. Os princípios enunciados por Paulo Freire, o homem, o filosofo, o Professor que por excelência verdadeiramente promoveu a inclusão de todos os alunos e alunas numa escolaridade que dignifica e respeita os educandos porque respeita a sua leitura do mundo como ponte de libertação e autonomia de ser pensante e influente no seu próprio desenvolvimento.

A Pedagogia da Autonomia é sem dúvida uma das grandes obras da humanidade em prol duma educação que respeita todo o educando (incluindo os mais desfavorecidos) e liberta o seu pensamento de tradições desumanizantes - porque opressoras.

A esperança e o otimismo na possibilidade da mudança são um passo gigante na construção e formação científica do professor ou da professora que "deve coincidir com sua retidão ética" (p18). Paulo Freire, um Professor e filósofo que através da sua vida não só procurou perceber os problemas educativos da sociedade brasileira e mundial, mas propôs uma prática educativa para os resolver. Esta ensina os professores e as professoras a navegar rotas nos mares da educação orientados por uma bússola que aponta entre outros os seguintes pontos cardeais:

a rigorosidade metódica e a pesquisa a ética e estética a competência profissional,

o respeito pelos saberes do educando e o reconhecimento da identidade cultural,

a rejeição de toda e qualquer forma de discriminação, a reflexão crítica da prática pedagógica, a corporeiificação, o saber dialogar e escutar, o querer bem aos educandos, o ter alegria e esperança, o ter liberdade e autoridade o ter curiosidade

o ter a consciência do inacabado...

Como princípios basilares a uma prática educativa que trans forma educadores e educandos e lhes garante o direito a autonomia pessoal na construção duma sociedade demo crática que a todos respeita e dignifica.



Nota Final

Não podemos deixar de reconhecer que além da riqueza intelectual de idéias que serão a base de muitos diálogos e reflexões, este livro é escrito tal como outros do mesmo autor, numa linguagem não sexista o que é raro ver-se nas publicações em língua portuguesa. Paulo Freire demonstra a todos os falantes da língua portuguesa,

acostumados à maneira masculina de ver o mundo, a qual tem mantido invisível

metade da humanidade - os seres femininos, que a língua Portuguesa também nos

proporciona as possibilidades do uso de linguagem que respeita a comparticipação

visível e dignificante da mulher no mundo actual. Para Paulo Freire não existe

unicamente o homem, o professor, o aluno, o pai mas também a mulher, a professora,

a aluna, a mãe!



*Retirado do Site “The Journal of Pedagogy, Pluralism & Practice”.





AÇÃO CONSCIENTE NO PENSAMENTO FREIRIANO



Giuliana Cavalcanti Vasconcelos



A referida obra é um documento organizado pelo Instituto Oecuménique au service du Développement des Peuples (INODEP) que, em julho 1970 teve a aceitação de Paulo Freire como seu presidente.

A apresentação do livro é feita por Cecílio de Lora, S. M. que chama a atenção do leitor para a utilização do termo conscientização que, embora sendo necessária à sua utilização, sua densidade e especificidade já tomou precisão, fator que não permite o seu manuseio ingenuamente.

No prólogo estão presentes as homenagens do INODEP a Freire através do reconhecimento de seu projeto educativo libertador: "um homem, uma presença, uma experiência". (p.09).

Lembrar e falar de sua vida são uns dos prazeres de Paulo Freire. Este contar sendo relacionado com as suas idéias sobre educação e liberdade é o primeiro caminho de sua exposição sobre conscientização, constituindo assim a primeira parte desta obra.

O homem, suas idéias e experiência revelam a essência da formação de um educador preocupado com os oprimidos, sugestionando um método de aprendizagem que estimula a participação libertadora de ex-analfabetos na sociedade.

Na trajetória de suas contribuições utópicas registram-se a sua expulsão de seu país por motivos políticos dominantes: considerado como subversivo às idéias opressoras, sob legislação, é proibida a sua permanência em território brasileiro. Fora do Brasil, Paulo Freire é acolhido e dissemina suas idéias por países com altos índices de analfabetismo, como o caso do Chile.

Conscientização é o conceito central das idéias de Paulo Freire sobre Educação. Porém, na realidade, o vocábulo "conscientização" foi construído por um grupo de educadores do Instituto Superior de Estudos Brasileiros por volta de 1964. Inclusive, faziam parte desta equipe Álvaro Vieira Pinto e Guerreiro.

Na segunda parte do livro, percebi que Freire leva o leitor a adentrar na essência da conscientização, convidando-nos a sair da tomada de consciência para construirmos e compreendermos, com proximidade de desvelamento, a realidade objetivada.

Para Freire, a conscientização, convencionalmente, faz parte de uma educação que tenha como prática a liberdade, pois sendo ela uma aproximação crítica da realidade, o seu exercício permite ao sujeito sair da aparência das coisas e conhecer o essencial fenomênico. A realização humana como unidade entre a ação do homem e sua reflexão sobre o mundo constitui a práxis humana, pois somente os homens são capazes de agir sobre a realidade objetivada, transformando-a e transformando-se.

Tomar consciência do fenômeno constitui a primeira fase da conscientização. Para que haja a conscientização é preciso o desenvolvimento crítico da tomada de consciência: é a ultrapassagem da apreensão espontânea do real para uma apreensão crítica na qual o real se dá como objeto cognoscível, que o sujeito assume uma posição epistemológica. A conscientização exige que o sujeito crie sua existência com o material que o mundo lhe oferece, baseando-se numa relação consciência-mundo. E, convidando o sujeito a um compromisso histórico e uma posição utópica. Compromisso histórico porque implica que o sujeito assuma o seu fazer e refazer o mundo. Posição utópica porque é a dialetização da denúncia do desumanizante e do anúncio do humanizante.

Alfabetização e conscientização são as conseqüências do Método Paulo Freire. Sua trilha de elaboração e aplicação segue cinco fases: descoberta do universo vocabular do grupo que se vai trabalhar; seleção de palavras geradoras dentro deste universo vocabular; a criação de situações existenciais típicas do grupo; elaboração de fichas indicadoras que ajudam os coordenadores dos debates; elaboração de fichas com as famílias fonéticas correspondentes às palavras geradoras.

O processo da práxis libertadora que constitui a terceira parte deste livro não ocorre por acaso. Freire afirma que "os homens são pessoas e que, enquanto pessoas, devem ser livres, mas não fazer nada para que esta afirmação se torne realidade, sem dúvida, é uma comédia". (p.59).

A ruptura da opressão é um processo de libertação, de combate à contradição que aprisiona o existencial humano à realidade subjetivada do opressor. "Somente os oprimidos podem libertar os seus opressores, libertando-se a si mesmo. (...) [Para que a contradição se resolva, é necessária] a aparição de um "homem novo": nem o opressor, nem o oprimido, mas um homem em fase de libertação". (p.59).

Uma sociedade estruturada por um sistema opressor escraviza o consciente coletivo de modo que chega a determinar até mesmo o consciente individual. Um instrumento de atuação e conservação da ideologia opressora é o saber oficializado pelo sistema que ganha espaço legítimo de atuação, o que garante à lógica opressora o seu fazer aceitar o prolongamento de seu idealismo subjetivado na realidade objetiva do outro. Deste modo, "a educação passa a ser "o ato de depositar" (...). Em lugar de comunicar, o professor dá comunicados (...). É a concepção "acumulativa" da educação". (p.79).

Na utopia freiriana, uma educação libertadora é uma educação crítica, problematizadora, que estimula a esperança em correspondência à natureza histórica da humanidade. Ela permite que o sujeito quebre a corrente da alienação e supere a sua condição de realidade objetivada da subjetividade do outro, excitando a mobilidade rebelde do nascimento do sujeito.

É na dialética entre o real objetivo e a subjetividade humana que a práxis se realiza. O diálogo "é o encontro no qual a reflexão e a ação, inseparáveis daqueles que dialogam, orientam-se para o mundo que é preciso transformar e humanizar". (p.83). É na dialogicidade que o homem gera a mudança social, portanto, gera a mudança a si mesmo. Uma pedagogia utópica de denúncia e de anúncio no arcabouço freiriano deve ser um ato de conhecimento da essência da ação social. Uma ação cultural para a conscientização "é mais que uma simples tomada de consciência. Supõe, por sua vez, o superar a falsa consciência, quer dizer, o estado de consciência semi-intransitivo ou transitivo-ingênuo, e uma melhor inserção crítica da pessoa conscientizada numa realidade desmistificada". (p.90).

Portanto, destaco que para compreender o agir libertador da utopia freiriana é preciso entender o seu caráter ideológico reativo ao poder do opressor, que se apresenta como uma teoria de emancipação revolucionária sob a finalidade da liberdade humana.

sexta-feira, 4 de março de 2011

O Blog do Luz do Aprender foi desativado, apenas acompanharemos este, devido meu pouco tempo.....

Uso da crase

A crase caracteriza-se como a fusão de duas vogais idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a” com o artigo feminino a (s), com o “a” inicial referente aos pronomes demonstrativos – aquela (s), aquele (s), aquilo e com o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as quais). Casos estes em que tal fusão se encontra demarcada pelo acento grave (`): à(s), àquela, àquele, àquilo, à qual, às quais.

Trata-se de uma particularidade gramatical de relevante importância, dado o seu uso de modo frequente. Diante disso, compreendermos os aspectos que lhe são peculiares, bem como sua correta utilização é, sobretudo, sinal de competência linguística, em se tratando dos preceitos conferidos pelo padrão formal que norteia a linguagem escrita.
Há que se mencionar que esta competência linguística, a qual se restringe a crase, está condicionada aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal e nomimal, mais precisamente ao termo regente e termo regido. Ou seja, o termo regente é o verbo ou nome que exige complemento regido pela preposição “a”, e o temo regido é aquele que completa o sentido do termo regente, admitindo a anteposição do artigo a(s). Como explicitamente nos revela os exemplos a seguir:

Refiro-me a(a) funcionária antiga, e não a(a)quela contratada recentemente.
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contratada recentemente.

Notamos que o verbo referir, analisado de acordo com sua transitividade, classifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos referimos a alguém. Constatamos que o fenômeno se aplicou mediante os casos anteriormente mencionados, ou seja, fusão da preposição a + o artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + o pronome demonstrativo aquela (àquela).
A fim de ampliarmos nossos conhecimentos sobre as circunstâncias em que se requer ou não o uso da crase, analisaremos:

# O termo regente deve prescindir-se de complemento regido da preposição “a”, e o temo regido deve admitir o artigo feminino “a” (s):

Exemplos:
As informações foram solicitadas à diretora.
preposição + artigo)

Nestas férias, faremos uma visita à Bahia.
(preposição + artigo)

observa;áo importante

 recursos nos servem de subsídios para que possamos confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns deles:

a) Substitui-se a palavra feminina por uma masculina equivalente. Caso ocorra a combinação a+o(s), a crase está confirmada.

Exemplos:
 informações foram solicitadas à diretora.

 informações foram solicitadas ao diretor.

b) No caso de nomes próprios geográficos, substitui-se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte na expressão “voltar da”, há a confirmação da crase.

Exemplos:

Faremos uma visita à Bahia.
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada)
Não me esqueço da viagem a Roma.

Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos jamais vividos.

Atenção:
Nas situações em que o nome geográfico apresentar-se modificado por um adjunto adnominal, a crase está confirmada.

Exemplos:
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas praias.
# A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o temo regente exigir complemento regido da preposição “a”.

Exemplos:
Entregamos a encomenda àquela menina.
(preposição + pronome demonstrativo)
Iremos àquela reunião.
(preposição + pronome demonstrativo)

Sua história é semelhante às que eu ouvia quando criança. (àquelas que eu ouvia quando criança)
preposição + pronome demonstrativo)
# A letra “a” que acompanha locuções femininas (adverbiais, prepositivas e conjuntivas) recebe o acento grave:

Exemplos:
* locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às pressas, à vontade...

* locuções prepositivas: à frente, à espera de, à procura de...

* Locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que.
Casos passíveis de nota:
* Em virtude da heterogênea posição entre autores, o uso da crase torna-se optativo quando se referir a locuções adverbiais que representem meio ou instrumento.

Exemplos:
O marginal foi morto a bala pelos policiais. (Poderíamos dizer que ele foi morto a tiro)

Marcela redige todos os seus trabalhos a máquina. (Poderia ser a lápis)

* Constata-se o uso da crase se as locuções prepositivas à moda de, à maneira de apresentarem-se implícitas, mesmo diante de nomes masculinos.

Exemplos:
Tenho compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à moda de Luís XV)
* Não se efetiva o uso da crase diante da locução adverbial “a distância”.

Na praia de Copacabana, observamos a queima de fogos a distância.

Entretanto, se o referido termo se constituir de forma determinada, teremos uma locução prepositiva. Mediante tal ocorrência, a crase está confirmada.

Exemplo:
O pedestre foi arremessado à distância de cem metros.
- De modo a evitar o duplo sentido, faz-se necessário o emprego da crase.

Exemplo:
Ensino à distância.
Ensino a distância.

# Em locuções adverbiais formadas por palavras repetidas, não há ocorrência da crase.

Exemplo:
Ela ficou frente a frente com o agressor.
Casos em que não se admite o emprego da crase:
# Antes de vocábulos masculinos.

Exemplos:
As produções escritas a lápis não serão corrigidas.

Esta caneta pertence a Pedro.


 Antes de verbos no infinitivo.

Exemplos:
Ele estava a cantar quando seu pai apareceu repentinamente.
No momento em que preparávamos para sair, começou a chover.

# Antes de numeral.

Exemplo:
Cegou a cento e vinte o número de feridos daquele acidente.

Observação:
Nos casos em que o numeral indicar horas, configurar-se-á como uma locução adverbial feminina, ocorrendo, portanto, a crase.

 passageiros partirão às dezenove horas.
- Diante de numerais ordinais femininos a crase está confirmada, visto que estes não podem ser empregados sem o artigo.
As saudações foram direcionadas à primeira aluna da classe.
# Antes da palavra casa, quando essa não se apresentar determinada.

Exemplo:
Chegamos todos exaustos a casa.
Entretanto, se a palavra casa vier acompanhada de um adjunto adnominal, a crase estará confirmada.

Chegamos todos exaustos à casa de Marcela.

# Antes da palavra “terra”, quando essa indicar chão firme.

Exemplo:
Quando os navegantes regressaram a terra, já era noite.
Contudo, se o referido termo estiver precedido por um determinante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá a crase.

Paulo viajou rumo à sua terra natal.

# Quando os pronomes indefinidos “alguma, certa e qualquer” estiverem subentendidos entre a preposição “a” e o substantivo, não ocorrerá a crase.

Exemplo:
Caso esteja certo, não se submeta a humilhação. (a qualquer humilhação)
# Antes de pronomes que requerem o uso do artigo.

Exemplos:
Os livros foram entregues a mim.

Dei a ela a merecida recompensa.

Observação:
Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, o uso da crase está confirmado no “a” que os antecede, no caso de o termo regente exigir a preposição.